UM LUGAR QUE NÃO ME PERTENCE: O OLHAR PARA A OUTRA NA CAPOEIRA, INTERSECCIONALIDADE, AGÊNCIA E RESISTÊNCIA
o olhar para a outra na capoeira, interseccionalidade, agência e resistência
Palavras-chave:
Capoeira. Interseccionalidade. Agência/Resistência. Mestra Tisza. Puma Camillê.Resumo
O trabalho em tela tem por objetivo discutir como diferentes capoeiristas interagem com a capoeira de maneira a produzir novas realidades para a sua prática, buscando o espaço negado a elas dentro deste universo. Iremos apontar na história de duas mestras, Tisza e Puma Camillê, evidências de como elas, uma mulher negra e a outra mulher trans e negra, relacionam-se com o universo da capoeira, de forma a produzir uma realidade favorável para projetar as suas existências, não somente como capoeiristas, mas também como sujeitos de agência/resistência. As informações obtidas foram retiradas de um programa chamado “Na identidade do capoeira”, da plataforma Facebook e em uma entrevista disponível no Portal da Capoeira. A nossa discussão será pautada na interseccionalidade, tendo o eixo construcionista como caminho para realizar as nossas análises. Como resultados, podemos apontar que a partir das histórias de lutas das mestras, há vestígios que a capoeira é uma rica tecnologia social para questionar a ordem social estabelecida, a qual, ao mesmo tempo que pode reiterar normas e condutas é um espaço para se produzir agência/resistência por parte dos/as seus/as praticantes.
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